domingo, 25 de agosto de 2013

Armadilhas da Mente


Imagem de Erica Leighton
Mais do que um romance, Armadilhas da Mente é uma viagem de autoconhecimento, onde podemos compreender melhor como nossas mentes atuam e de como podem influenciar toda nossa história. Como todos sabem, a mente humana continua sendo um mistério controverso que o homem tenta desvendar, sem, contudo, obter grandes avanços, uma vez que ainda hoje vemos pessoas com sérios distúrbios mentais para os quais não conseguimos uma cura.

Armadilhas da Mente
Augusto Cury
Editora Arqueiro




Será a maldade, por exemplo, uma doença ou uma pré-disposição de alguns de nós, ou a influência de agentes externos? Penso eu que tudo é dualístico. Nada é totalmente bom ou mal, mas em algun(s) momento(s) pendemos mais para um dos dois lados. Existe uma corrente de pensamento que circula na internet a alguns anos, atribuída a Albert Einstein, em que ele teria defendido que a ausência do bem é onde surge o mal, e que na ausência da luz é onde nasce a escuridão. Mas podemos pensar, também, que por algum motivo é necessária a existência do bem e do mal para daí surgir um equilíbrio. Muito nos foge ao conhecimento e diante de tudo que o ser humano realizou e que temos conhecimento histórico, é mais prudente que não tenhamos um conhecimento pleno, pois não conseguimos ser totalmente parciais, pelo menos não a grande maioria esmagadora de nós. E se analisarmos a forma como reagimos e procedemos diante das situações que se apresentam, veremos que tendemos a interpretar e analisá-las como nos convém, mesmo que subconscientemente, como um sistema de autodefesa. Nos é difícil manter um distanciamento para tomarmos atitudes imparciais e livres da auto preservação. Imaginem se pudéssemos desvendar os mistérios da criação e com isto recriar o mundo e tudo que há nele? Podem imaginar algo mais desastroso para o equilíbrio? 

Nossas mentes e seu funcionamento são complexos. Não podemos simplesmente extrair os pensamentos de que não gostamos ou apagar aquelas lembranças indesejáveis que perduram em nossa memória.

(pág. 148)

-Se não tenho alternativas para registrar o que quero em minha memória nem liberdade de apagar o que tenho vontade, isso implode a tese dos existencialistas como um todo. Onde está a vontade de poder de Nietzche? Onde está a liberdade de escolhas de Sartre?

-Ainda há escolhas, e muitas. Reeditar a memória é sempre possível. Embora para isso nosso Eu tenha que ser treinado, educado para sair da condição de vítima para a de protagonista ou autor da nossa história.

Camille, nossa personagem central, uma mulher bela, rica e brilhante, vive seus conflitos, fobias e paranoias cada vez de forma mais intensa, se tornando refém em sua própria mente. O casamento já não anda bem, a relação é minada por seu temperamento difícil, humor instável e rompantes. O marido também está sendo afetado, mergulhando cada vez mais no trabalho, o que apenas contribui para seu adoecimento. Na tentativa de vê-la melhorar, já que nem psicólogos ou psiquiatras conseguiram alcança-la em sua masmorra psicológica, o marido compra uma linda fazenda. Onde espera que a vida tranquila, longe do estres da cidade e perto da natureza, possam contribuir de alguma forma na sua melhora. Porém os transtornos mentais de Camille limitam sua existência, ela não sai de dentro da casa e a noite é perturbada por pesadelos. A reviravolta, porém, tem início de forma inusitada com a aparição de duas pessoas chave, que irão fazer toda a diferença no resgate de sua vida. Uma delas um jardineiro chamado Zenão do Riso, bem humorado e excêntrico, que chama sua atenção ao demonstrar seu conhecimento sobre os grandes filósofos. Outra é o sábio psiquiatra Marco Polo, que conseguirá penetrar na mente desta mulher, já tão cansada de seus conflitos e que deseja ansiosamente voltar a viver!


(pág. 192)

Esperar que esteja tudo certo na vida, esperar resolver todos os meus problemas para ser feliz é um paradoxo inaceitável. Vou morrer infeliz

– Porquê? Perguntou Camille, que imaginava qual seria a resposta, mas jamais a adotara.

Por que se eu resolvo um problema, aparecem dois, se resolvo dois, aparecem quatro. Portanto, para abrandar esse paradoxo cheguei a seguinte conclusão: vou ser feliz com os problemas que tenho, nas dificuldades em que me encontro, com as pessoas complicadas com quem convivo, com os meus conflitos.


Uma ótima leitura para quem curte psicologia e filosofia, com pequenas doses de humor e muito de autoconhecimento. Uma leitura para refletir e nos ajudar a entender melhor algumas pessoas de nosso convívio.

Abraço

Jade

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Sigo andando a passos largos...
...sem rumo e sem destino, apenas observando o que se passa e o que passou, o conhecimento traz prazer mas também traz dor.
Jade

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