domingo, 12 de setembro de 2010

A Menina que Roubava Livros


Esta é uma história diferente, não tanto pela história em si, mas devido à identidade da narradora. Alguns a chamam de Ceifadora de Almas, outros simplesmente de Morte. A vida da nossa principal personagem, a roubadora de livros, foi capaz de impressionar até mesmo a Morte, que nos leva as almas, quando nossos corpos já não são capazes de carregá-las. Para alguns um momento de tristeza, indiferença ou alívio, dependendo de como e quando ela nos aparece. Lisel Meminger, a menina cuja vida foi salva em mais de uma oportunidade pelos livros, descobrirá neles um consolo e uma porta para o mundo das palavras. Sua história se passa na Alemanha, iniciando no ano de 1939, juntamente com a Segunda Guerra Mundial. Sua mãe sem condições de criar a menina e seu irmão mais novo, de seis anos, se vê obrigada a dá-los para adoção. E assim, numa viagem de trem para Munique, da qual nunca esquecerá, Lisel, de nove anos, conheceu a Morte, que veio ao encontro de seu irmãozinho. O pequeno Werner foi enterrado em uma cidade desconhecida, a meio caminho de Munique, na presença de sua mãe, irmã, um padre e dois coveiros. Tudo era branco e o frio fazia todos tremerem. Neste dia a menina se tornou a roubadora de livros, quando juntou do chão o livro caído do bolso de um dos coveiros. “O Manual do Coveiro”. Tendo em vista as poucas vezes que entrou numa escola, este livro por longo tempo será apenas uma ligação com seu irmão. Na rua Himmel, cidade de Molking, um casal esperava duas crianças, mas apenas uma apareceria. Para a roubadora de livros foi um passeio de carro, ela nunca andara em nenhum. Era um dia cinza, a cor da Europa. Hans e Rosa Hubermann seriam seu papai e mamãe de agora em diante. Não pensem que sua vida foi fácil, o casal era de origem humilde e a Alemanha vivia um momento perigoso, onde palavras levaram pessoas a odiar outras pessoas. Na rua Himmel, Lisel conhecerá o amor de um pai com olhos feitos de bondade e prata e de uma mãe briguenta e gritona. Também na rua Himmel, Lisel conhecerá seu melhor amigo, Rudy Steiner, um garoto da casa ao lado de cabelos cor de limão e haverá um Judeu, Max Vandenburg, seu amigo quase invisível, tendo em vista as circunstâncias. Sua segunda mamãe trabalha lavando e passando roupas para famílias ricas de Molking, e uma destas clientes, a mulher do prefeito, acabará se tornando uma pessoa muito importante em sua vida. A Menina que Roubava Livros é um livro rico e envolvente, contado de forma poética, em meio a uma época de que os seres humanos devem se envergonhar. Confesso que ri e que chorei em meio à leitura. O final do livro contém uma síntese do que me pergunto com freqüência, nas palavras da morte: Tive vontade de dizer muitas coisas(...), sobre a beleza e a brutalidade. Mas que poderia dizer-lhe sobre essas coisas que ela já não soubesse? Tive vontade de lhe explicar que constantemente superestimo e subestimo a raça humana – que raras vezes simplesmente a estimo. Tive vontade de lhe perguntar como uma mesma coisa podia ser tão medonha e tão gloriosa, e ter palavras e histórias tão amaldiçoadas e tão brilhantes. Nenhuma dessas coisas, porém, saiu de minha boca(...). Uma última nota de sua narradora. “Os seres humanos me assombram”.

Imagem de Mariana Britto
Sigo andando a passos largos...
...sem rumo e sem destino, apenas observando o que se passa e o que passou, o conhecimento traz prazer mas também traz dor.
Jade

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