domingo, 20 de abril de 2014

Nicolas Delort


Belo e inspirador, este é o trabalho de Nicolas Delort. Parece que você será sugado para dentro daquele mundo preto e branco, de minuciosos traços bem dispostos. É como ver um sonho desenhado ali na sua frente, uma viagem no passado e na infância de algo esquecido. Um trabalho inspirador de uma pessoa muito talentosa. Em cada reta ou curva uma descoberta para os olhos mais atentos. Num primeiro olhar você absorve simplesmente a beleza do trabalho e depois, olhando mais detidamente, se perde dentro daquele labirinto de linhas que parecem não ter mais fim, numa perspectiva muito bem delineada.

O ilustrador Nicolas Delort mora em Paris e seu trabalho nos remete a pensar em seu famoso conterrâneo, pintor, desenhista e ilustrador Gustave Doré (1832 – 1883), que entre outros trabalhos fez a ilustração da famosa Divina Comédia, dando vida às visões de Dante Alighieri. No meu último post sobre o livro Inferno, acabei esbarrando no trabalho de Nicolas Delort e foi amor à primeira vista. Ele trabalha com nanquim e usa a técnica de Scratchboard, onde um painel é coberto com argila branca lisa (pode ser gesso) e revestida com uma fina camada de tinta nanquim (ou guache). O Artista por meio de raspagem da tinta, vai traçando o desenho que surge na cor do fundo/base. Normalmente se usa estilete para a raspagem, mas varia de artista para artista. Vejam lindos exemplos desta técnica por outra artista, CristinaPenescu.

Abraço
Jade

domingo, 13 de abril de 2014

Inferno

Ponte Vecchio, sobre ela o corredor Vasari

Inferno
Dan Brown
Editora Arqueiro

Langdon acorda desorientado num quarto de hospital. Sua cabeça lateja intensamente e as coisas não parecem fazer sentido. O pesadelo do qual acabara de fugir, porque não poderia se dizer outra coisa mais apropriada, parecia palpável de uma forma perturbadora. Naquele momento a dor em sua nuca era torturante, mas o que vira no pesadelo era muito pior. Uma mulher com o rosto coberto por um véu, parada na outra margem de um rio vermelho sangue, aos seus pés um mar de cadáveres sem fim. De seus lábios podia ouvir que lhe sussurrava algo como buscar e encontrar... mas o que? Ao se aproximar da outra margem, alguns daqueles corpos lhe pareceram ainda agonizantes, tornando a cena ainda mais horripilante. Quando conseguiu se fixar na realidade, pode sentir o cheiro pungente de álcool hospitalar. Não tinha a mínima noção do que havia lhe ocorrido ou de onde exatamente estava. Primeiro um homem e depois uma mulher entraram no quarto, e as notícias não eram nada boas. Ele fora vítima de uma tentativa de assassinato frustada, que resultara num ferimento à bala na cabeça, e sua mente sentia os efeitos danosos do ferimento. A própria Dra. Brooks não sabia esclarecer como Langdon acabara naquela situação e ele tão pouco se lembrava de algo recente. Sabia que deveria estar em Massachusetts, mas um vislumbre pela janela do quarto revelava que se encontrava muito longe de casa, em Florença na Itália. Para aumentar sua confusão, uma mulher toda vestida de preto invade o hospital à sua procura, atirando num dos médicos. Com a ajuda da Dra. Brooks, Langdon consegue escapar. Em suas roupas havia um bouço escondido, contendo um objeto que não se recordava de ter visto alguma vez. O tubo de titânio trazia o símbolo de “risco biológico”, o que bastaria para manter longe a curiosidade de qualquer ser humano, contudo o que motivava Langdon era a necessidade premente de descobrir o que estava acontecendo e porque alguém o queria morto. No interior do tubo havia um objeto ainda mais intrigante, de aparência antiga e macabra e que escondia um projetor com a imagem de um quadro de Boticcelli, “La Mappa dell’Inferno”, O Mapa do Inferno, obra inspirada na primeira parte do famoso poema de Dante Alighieri, A Divina Comédia. Uma análise mais detalhada na imagem do quadro, revela algumas modificações que, associadas ao que Langdon sonhou, os guiará numa jornada por Florença, Veneza e Istambul. São as pistas deixadas por uma mente brilhante e obsecada pelo crescimento populacional e o fim do mundo. Logo eles perceberão que muito mais está em jogo, e que o destino da humanidade pode depender do que eles estão prestes a desvendar. “Cerca Trova”, busca e encontrarás!


Langdon está de volta e seus passos nos guiam não apenas pela Bela Itália, mas como pelo próprio Inferno de Dante, um de seus filhos mais célebres. Enquanto monto este post, me flagrei pensando se Dan Brown não estaria fazendo uma analogia entre ele próprio e Virgílio (poeta italiano que faz as vezes de guia pelo inferno e o purgatório, do também poeta Dante na obra “A Divina Comédia, de Dante Alighieri”). De certa forma ambos servem de guias, o primeiro do próprio autor Dante, o segundo de nós leitores, que percorremos o triller empolgante e cheio de referências históricas criado pelo escritor Dan Brown. Muitos são os críticos de Dan Brown, mas acredito que toda leitura é válida. Não acredito que um bom leitor seja apenas aquele que desbrava as páginas de clássicos e obras de “bons escritores”, o que pode ser relativo, uma vez que nem sempre os clássicos são a primeira opção de um leitor iniciante e o conceito de “bom” é aceito pela maioria e não pela unanimidade. Normalmente começamos nosso gosto pela leitura ainda pequenos, com os livros infantis ou os divertidos gibis. Mas como na juventude os anos parecem séculos, passamos por um período de “abstinência”, até que percebemos alguém próximo de nós lendo, nos incutindo a curiosidade de saber o que se esconde por trás daquelas linhas intermináveis dos livros e que tanto atraem os mais velhos. Quando maiores e estudantes, nos deparamos com as bibliotecas, prateleiras cheias de vida, onde encontramos passe livre para descortinar ideias, sentimentos e outros mundos. Ao leitor assíduo, acredito que seja uma questão de tempo até se interessar pelos livros mais encorpados de ideias e de reconhecimento mais intelectualizado. Mas entendo que toda leitura é válida para a formação de leitores e pensadores.
Abaixo montei uma espécie de mapa fotográfico, contendo alguns pontos de referência na história do livro e  ilustrações de Gustave Doré, na Divina Comédia de Dante Alighieri.

Abraço
Jade



Imagem de Mariana Britto
Sigo andando a passos largos...
...sem rumo e sem destino, apenas observando o que se passa e o que passou, o conhecimento traz prazer mas também traz dor.
Jade

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