domingo, 2 de junho de 2013

O Príncipe da Névoa

"Muitos anos haveriam de se passar antes que Max esquecesse o verão em que, quase por acaso, descobriu a magia." 

O Príncipe da Névoa
Carlos Ruiz Zafon
Editora Suma de Letras

Era o ano de 1943 e a guerra cada vez mais próxima, obrigava muitas famílias a desistirem de seus lares em busca de refúgio.  Max fazia 13 anos naquele dia, quando seu pai anunciou a novidade. Eles iriam se mudar para o litoral. O que poderia ter sido apenas uma mudança inesperada, para ele acabou se tornando a experiência mais marcante de sua vida. No dia combinado, a família partiu rumo a esse novo mundo, enquanto o pequeno universo criado por Max parecia desmoronar. Ele, seus pais e suas duas irmãs viajaram de trem. Ao se aproximarem do seu destino, Max teve sua primeira visão do mar. Depois de cinco horas no trem, na saída de um túnel escuro, uma lâmina infinita de luz azul se estendia diante de seus olhos maravilhados. Já na plataforma de desembarque, sua primeira impressão da cidade, era de que se parecia com uma maquete. Enquanto a bagagem era colocada num carro, Max teve a sensação de que era observado, e ao se virar avistou um grande gato listrado, que não tirava os olhos deles. Sua irmã Irina, de oito anos, se deixou encantar pelo animal, e este inesperadamente acabou se tornando o mais novo integrante da família. Quando chegaram no seu novo lar, a casa parecia desolada em meio aquela luz dourada que vinha da praia, ainda mais quando souberam que no passado, havia sido o palco da triste história de um casal, cujo filho havia morrido afogado. Naquele lugar luminoso a guerra parecia algo tão distante, que quase poderiam esquecê-la, mas nada seria tão simples assim. No dia seguinte Max despertou assustado com uma aparição, que se desvanecia nas brumas de seus sonhos enquanto lhe sussurrava algo. Levantou-se da cama e olhou pela janela do quarto, para o bosque não muito longe dali, onde se entreviam vultos que lembravam estátuas. Não podendo conter a curiosidade, Max aproveitou que todos ainda dormiam e saiu para explorar o local. A distância da casa até o bosque era maior do que esperava, e o frio da manhã beliscava sua pele. Um estranho conjunto de estátuas de figuras circenses jazia no lugar, na formação de uma estrela de seis pontas. No centro um palhaço sorridente tinha o braço estendido à frente, porém a mão que a pouco estava fechada em punho, agora estava aberta, com a palma estendida no gesto de quem faz um convite. Assustado, Max voltou para casa sem deixar de olhar às suas costas. Aquele seria apenas o primeiro de muitos outros acontecimentos inexplicáveis. Sua irmã mais velha, Alicia, teria sonhos perturbadores e a mais nova, Irina, sofreria um acidente na casa, logo depois de escutar vozes que sussurram dentro do armário no seu quarto. Através de seu mais novo amigo, Roland, Max fica sabendo sobre um naufrágio, onde os integrantes de uma trupe de circo haviam desaparecido da face da terra, deixando para trás apenas os restos do barco afundado. Max, sua irmã Alicia e Roland, vivem dias de aventura, amor e amizade, porém a espreita de cada felicidade parecia pairar uma sombra, que se fechava cada vez mais sobre os três adolescentes, e que trazia consigo um personagem diabólico, o Príncipe da Névoa. Um homem, um espírito, uma alma perdida talvez, ninguém sabia ao certo, capaz de conceder qualquer desejo, porém a um preço alto demais.


Nota do autor: O Príncipe da Névoa foi o primeiro romance que publiquei e marcou o início de minha dedicação completa a esse ofício singular que é o de escritor. Na verdade quando era moleque, não costumava ler romances catalogados como “juvenis”... No caso de O Príncipe da Névoa, na falta de outras referências, resolvi escrever um romance que teria gostado de ler quando tinha 13, 14 anos, mas que continuasse a me interessar também aos 23, 43 ou 83 anos. O Príncipe da Névoa é o primeiro de uma série de romances "juvenis", junto com O Palácio de Meia-Noite e As Luzes de Setembro e Marina, que escrevi alguns anos antes da publicação de A Sombra do Vento. Alguns leitores mais maduros, levados pela popularidade deste último, talvez se sintam tentados a explorar essas histórias de mistério e aventura. Espero também que alguns leitores novos possam, caso apreciem a história, iniciar suas próprias aventuras na leitura pela vida afora.
Carlos Ruiz Zafón.
 
O Primeiro romance publicado de Carlos Ruiz Zafón. Como era de se esperar, não deixará seus leitores decepcionados. Uma história envolvente e com aquela pitada certa de mistério, um dos fatores que me leva a apreciar tanto o trabalho deste escritor, que tão bem sabe envolver seus leitores. Um livro de apenas 180 páginas, mas muito bem escrito e que nos deixa com aquela vontade de que tivesse pelo menos umas 300. Confiram outros sucessos dele clicando nos títulos: A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo, O Prisioneiro do Céu e Marina.

Abraço
Jade

Imagem de Mariana Britto
Sigo andando a passos largos...
...sem rumo e sem destino, apenas observando o que se passa e o que passou, o conhecimento traz prazer mas também traz dor.
Jade

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