sábado, 4 de dezembro de 2010

A Sombra do Vento

de Carlos Ruiz Zafón
Uma narrativa poética e por vezes divertida, nas tiradas inteligentes e bem humoradas do personagem Fermin Romero de Torres. A Sombra do Vento é ambientada em Barcelona, iniciando nos primeiros dias do verão de 1945. Daniel Sempere e seu pai, são donos de uma livraria e levam suas vidas de maneira pacata, em meio à tristeza que ainda os assombra pela perda da Mãe de Daniel. Em uma madrugada de junho e céu cinzento, Daniel acorda gritando, pois não consegue lembrar do rosto de sua mãe. Entre a neblina e o nevoeiro da madrugada, seu pai resolve que já é tempo de lhe mostrar um lugar muito especial, O Cemitério dos Livros. Daniel de apenas onze anos de idade, se encanta com o lugar de aspecto surreal, com seus labirintos intermináveis de livros e que ninguém sabe ao certo quem construiu. O Lugar, abriga os mais diversos livros, para que não sumam com o passar dos anos. Seu pai lhe diz para escolher um, e ele acaba sendo atraído pelo A Sombra do Vento, de Julián Carax, um autor barcelonês, de quem a muitos anos ninguém sabe ou tem notícias e cuja vida, ou morte, é rodeada de muitos mistérios. Encantado pela leitura, Daniel um inocente menino, descobrirá que este pode ser o último exemplar de uma obra de Carax. Entregue à aventura, Daniel iniciará uma busca para saber mais do autor, descobrindo muito mais do que esperava ou sonhava saber, enquanto os anos se passam e sua vida vai ganhando um novo sentido. Algumas pessoas serão muito importantes na sua investigação, como Fermín Romero de Torres, mendigo de passado glorioso e muito senso de humor que se tornará o maior aliado de Daniel na busca da verdade. Um livro ora gótico, ora cômico, e com uma grande história que vale a pena ser conferida.

"Sempre fui fascinado pelo mundo dos robôs, das aparições, dos fantasmas, dos palacetes modernistas, dos túneis [...]. Na minha literatura, gosto de explicar histórias a partir de imagens, e misturo relato de intrigas, relato de aventuras, romance gótico e romance histórico não-realista. Acho tedioso dizer: ‘Fulano está triste.’ O que quero é fazer o leitor sentir a tristeza. Tecnicamente é mais complicado, mas dramaticamente tem mais força e é um desafio", diz o autor.

Ao mudar-se para os Estados Unidos, Zafón ficou chocado com "os enormes hangares cheios de livros antigos, verdadeiros tesouros, que estão virando supermercados e McDonald’s". "Noto uma destruição da memória e toda uma indústria da falsificação da história para justificar o presente", afirma ele. Essa preocupação do autor permeia a narrativa de A Sombra do Vento, ambientado em uma Barcelona ainda não atingida pela sociedade de consumo. Zafón justifica a ambientação de seu romance em meados do século "por se tratar de um momento histórico fascinante onde a cultura da banalidade ainda não estava tão desenvolvida, e onde os ideais ainda eram importantes".
Frase do livro: As palavras com que envenenamos o coração de um filho, por mesquinharia ou por ignorância, ficam guardadas na memória e mais cedo ou mais tarde, lhe queimam a alma.

Imagem de Mariana Britto
Sigo andando a passos largos...
...sem rumo e sem destino, apenas observando o que se passa e o que passou, o conhecimento traz prazer mas também traz dor.
Jade

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