sábado, 28 de abril de 2012

A Divina Comédia (post 03)



Imagem de Davide Bischeri

Cheguei ao fim desta obra singular que tanto influenciou artistas e inspirou outros escritores. A terceira e última parte da Divina Comédia fecha com chave de ouro, quando o poeta Dante Alighieri, depois de trilhar o inferno e finalmente ultrapassar o purgatório, chega ao Paraíso, onde é guiado por sua musa amada, Beatriz.

Em termos de grau de dificuldade na leitura, achei o Inferno e o Paraíso mais fáceis em relação ao Purgatório, cujo título já diz tudo, é para purgar. Por este motivo volto a afirmar, é uma obra para ser lida aos poucos, assim haverá tempo de entender e inclusive assimilar certos conceitos filosóficos.

Vejam os primeiros posts da Divina Comédia AQUI e AQUI.


Canto IV – Pág. 434

[...] – Ó tesouro do amor, primeiro, ó diva
(Disse eu), de glória a vossa voz me inunda
E exalta, cada vez mais me enlevando:
Não Obtém ser tão fundo o meu afeto,
Que logre agradecer favores tantos;
Mas supra aquele que vê tudo, e pode.
Compreendo, que nunca o intelecto
Se sacia, não vindo ilumina-lo
Essa verdade donde as mais procedem.
Se a consegue atingir, qual no antro a fera,
Já quedo: Nem vedado é alcança-la,
Ou vãos seriam os desejos nossos.
Por isso a dúvida à feição de broto
Nasce ao pé da verdade; e a Deus natura
Assim de grau nos vai levando.
Isto me anima, dama, e me convida
A rogar-vos com toda reverência
Me aclareis verdade outra a mim obscura.
Saber pretendo se é lícito aos homens
Rotos votos suprir com obras boas,
Que a talante a balança eterna inclinem. –
Olhou-me Beatriz com olhos plenos
De tal fogo de amor, e tão divinos,
Que anulados os meus baixei à terra,
E perdi quase o acordo dos sentidos.


Canto XXII – pág. 537
São Benedito fala ao poeta.

[...]Jacó o Patriarca, quando de anjos
Às suas vistas se mostrou repleta.
Hoje, porém, ninguém na terra busca
Subir os lances seus; e a minha regra
No mundo em letra morta se há tornado.
Os muros, que serviam de abadia,
Tornaram-se espeluncas; e as túnicas,
De farinha corrupta enchidos sacos.
Ao alvitre divino a grave usura
Ofende menos, que a riqueza prava,
Que eiva de insânia o coração dos monges.
É cabedal, quando acumula a igreja,
Da indigência, que em nome de Deus pede;
Não de parentes, ou pior do que eles.
A carne dos mortais é tão pecável,
Que os bons comedimentos menos duram,
Que o roble dês que nasce até dar fruto. [...]


Edição da Editora Pradense
contendo 605 páginas ao todo

Abraço 
Jade

Imagem de Mariana Britto
Sigo andando a passos largos...
...sem rumo e sem destino, apenas observando o que se passa e o que passou, o conhecimento traz prazer mas também traz dor.
Jade

Postagens populares