[...]...Sempre
conheci pessoas que temiam o complô de algum inimigo oculto – Os judeus para
vovô, os maçons para os jesuítas, os jesuítas para meu pai garibaldino, os
carbonários para os reis de meia Europa, o rei fomentado pelos padres para meus
colegas mazzinianos, os Iluminados da Baviera para as polícias de meio mundo –
e, pronto, quem sabe quanta gente existe por aí que pensa estar ameaçada por
uma conspiração...[...]
O Cemitério de Praga
Umberto Eco
Editora Record
Nosso personagem
central, Simone Simonini, um homem inescrupuloso de mil facetas, cujo avô lhe
incutiu o ódio pelos Judeus, acorda desmemoriado numa manhã cinzenta de março
de 1897, sem saber ao certo quem é quem ama ou quem odeia. Ironicamente, por
sugestão de um Doutor judeu, inicia um diário onde digamos, coloca sua alma a
nu, para de alguma forma achar em sua mente o fio de meada que lhe escapava para
restaurar a memória. Porém, ao iniciar este processo, ele descobre em seu
apartamento uma passagem escura, por onde pode acessar outro cômodo contiguo ao
seu, onde os móveis e objetos denunciavam a presença de um eclesiástico. Porque
havia encontrado naquele corredor trajes os mais diversos, de camponês, de
carteiro, de soldado? Sua própria casa lhe era estranha. Também havia
encontrado perucas e estojos de maquiagem, sendo que ele usava barba e bigode
postiços, que tão naturalmente havia retirado ao retornar da rua naquela manhã.
Quem era esta outra pessoa, seria ele mesmo? Sua cabeça rodopiava sem ver
sentido naquilo tudo e a única coisa que lhe parecia sensata naquele momento,
era seguir com seu diário, pois à medida que escrevia as lembranças iam fluindo
quase que automaticamente. Assim a história retrocede com o personagem até sua
infância, avançando e retornando alternadamente, pois além dele, outra pessoa
escrevia tentando reaver o passado. O abade Dalla Piccola. A partir daí
Simonini passa a trilhar os anos vividos junto do avô e depois da morte deste, sua
iniciação no mundo dos falsários. Seu sucesso como falsificador lhe rende lucros
e a chance de trabalhar para o serviço secreto do governo. No ano de 1860 é enviado
à Palermo para acompanhar de perto a expedição Garibaldina. Sua missão é debilitar
a confiança atribuída à administração revolucionária de modo que seja possível
uma intervenção Piemontesa. Porém os serviços secretos não consideram seu
desempenho satisfatório, enviando ele para a França a fim de não ser
reconhecido e arrolado em alguma investigação sobre as tramas de que tomou
parte na Itália. Já instalado em Paris, Simonini se torna informante de uma
agência francesa, recebendo algumas missões. Em 1865 faz um trabalho para o
governo russo, que envolve o recolhimento de “documentos”, digamos,
comprometedores sobre judeus. Simonini extravasa seu rancor e aversão pelo povo
judeu, vendo nesta nova missão a chance de criar um documento que ficaria para
a posteridade e do qual poderia se orgulhar. E assim nasce uma conspiração
hebraica, envolvendo reuniões macabras na calada da noite, num cemitério de
Praga. Porém jamais nosso personagem imaginaria as proporções que isto tomaria.
Ao longo do resgate de sua própria vida, mais
do que apenas lembranças perdidas, Simonini encontra corpos na fossa abaixo do
prédio onde mora, e um passado nada honroso para recordar, mas a esta altura
não se importa mais, nunca se importou na verdade.
(texto extraído da Wikipédia)
O cemitério Judeu de Praga fica em Josefov
(literalmente “de Josef”), antigo bairro judeu de Praga, República Checa. Ele
teria sido o local secreto das reuniões conspiratórias dos “Anciãos do Sião”,
local onde os Os Protocolos dos Sábios de Sião, um plano sionista para dominar
o mundo (Nova Ordem Mundial (teoria conspiratória), foram criados. Essa
informação foi mencionada pela primeira vez em 1868, no romance “Biarritz” de Hermann
Goedsche, o qual possivelmente inspirou a polícia secreta da Rússia Czarista a
criar Os Protocolos dos Sábios de Sião para incentivar o antissemitismo na Rússia.
Assim, os “Protocolos” passaram a ter vida própria e foram considerados como
autênticos e verdadeiros por pessoas como Adolf Hitler ae muitos outros
inimigos dos judeus. A obra de Umberto Eco O Cemitério de Praga se refere a
este especto.
Acredito que muitas
pessoas como eu devam ter visto o filme “O Nome da Rosa” que se baseia num
livro deste mesmo escritor, Umberto Eco. Quem gostou do filme, e que também
curte uma boa leitura, muito provavelmente pensou em ler o Cemitério de Praga.
Eu tinha aquela expectativa de que o livro sempre é melhor que o filme então por
tabela pensei que esta seria uma ótima leitura. O livro é bom, não me entendam
mal, porém o excesso de informações, personagens e as alternâncias entre
passado e presente, tornaram o livro cansativo. Muitas vezes tinha que reler
meia página antes de prosseguir na leitura no dia seguinte. É uma obra rica em
informação e história, como o famoso caso Dreyfus além do próprio tema central,
mas poderia ser mais envolvente.
Abraço
Jade
Abraço
Jade
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