Nem tudo adormece para sempre em seu leito no passado.
Barcelona, dezembro de 1957
Naquele ano, o Natal deu para amanhecer todo dia vestido de
chumbo e geada... e os negócios na livraria dos Sempere não iam muito bem.
Daniel dividia suas preocupações entre a baixa venda de livros e a saúde de seu
grande amigo, Fermín Romero de Torres. Ele não parecia o mesmo, era como se
carregasse o peso do mundo nas costas. E neste contexto, em um dia que Daniel
estava sozinho na livraria, um homem de olhar frio e andar capenga entrou na
loja e comprou um caro exemplar do Conde de Montecristo. O mais
inusitado foi o fato daquele indivíduo não levar o livro, e sim pedir que fosse
entregue de presente. Antes de partir, deixou algo escrito na primeira página e
que Daniel imaginou se tratar de uma dedicatória, mas surpreendeu-se ao ler a
quem se destinava: “Para Fermín Romero de Torres, que retornou de entre os
mortos e tem a chave do futuro. 13”. Ao levantar os olhos do livro,
o estranho já havia partido, mas ainda era possível velo mancando por entre as
pessoas nas ruas. Sem hesitar Daniel seguiu seus instintos e resolveu sair no
encalço daquele homem misterioso. Nessa busca por respostas, Daniel acaba descobrindo que Fermín Romero de Torres, não
apareceu por acaso em sua vida e que seu passado é digno de um romance
policial. No ano de 1939, Fermín dava entrada na antiga fortaleza de Montjuic.
Um lugar de onde nunca teria saído com vida, não fosse pela ajuda do
prisioneiro do céu, David Martín. Nosso querido personagem central do livro O
Jogo do Anjo. As histórias do dois livros vão se entrelaçando de forma
envolvente e assim descobrimos mais sobre Fermín, este personagem de humor
inteligente e ácido, que às vezes nos faz rir sozinhos com suas pinceladas
humoradas sobre os dramas da vida real. Fermín que hoje se prepara para casar
com a mulher amada, vê sua felicidade manchada de cinza ao temer que não seja
possível sustentar a identidade que criou a tantos anos atrás e que já faz
parte de quem ele é. Ao contar sua história para Daniel, inevitavelmente
sombras do passado se aproximarão de forma ameaçadora sobre a felicidade de
ambos, deixando suas marcas para sempre em Daniel.
Mais uma bela obra do admirável
escritor Carlos Ruiz Zafón. Este homem das letras que consegue unir talento e
criatividade, numa literatura escrita de forma poética, sem ser cansativa, pelo
contrário, envolvente. O Prisioneiro do Céu nos traz de volta alguns
personagens do livro O Jogo do Anjo e A Sombra do Vento, nos aproximando mais
de suas histórias pessoais. Os romances estão ligados entre si através dos
personagens e na abertura do Prisioneiro do Céu, tal fato é comentado com a
informação de que a série do Cemitério dos Livros Esquecidos pode ser lida em
qualquer ordem e separadamente.
Contudo, ainda penso que melhor mesmo é ler na seqüência. Fica a dica para quem
não leu nenhum ainda. Em tal hipótese, poderão ver a resenha dos outros dois livros da série, clicando
nos títulos deles a seguir: A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo.
Boa leitura
Abraço
Jade
Jade
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