Projeto Estante Pública
Por quê colocar livros em uma parada de ônibus?
“Não deixe morrer um dos melhores e mais acessíveis
projetos de leitura comunitária. O conhecimento é a única coisa que ninguém
pode nos tirar”.
Jade
As Estantes
Públicas foram criadas primariamente para promoverem o acesso da população de
Porto Alegre à leitura, é a transvenção(*) posta em prática.
(*)Em Ciências Sociais, é um conceito que trata da relação da sociedade com os
espaços públicos onde ela circula. Inicialmente proposto como uma atualização
do termo intervenção, uma ação de transvenção se caracteriza por sua
colaboratividade.
Os espaços devem
ser ocupados no sentido de potencializar a sua existência. Nossa comunidade
urbana é especialista em produzir uma imensa quantidade de áreas inúteis, que
na falta de uma boa iniciativa, acabam sendo deixadas de lado… ignoradas. A cidade
é uma zona de convivência, mas parece que com-viver é o que menos fazemos.
Circulamos com nossos objetivos bem delineados e poucas coisas nos fazem parar
e observar os outros que passam. Isso acontece mais ainda com quem viaja
sozinho em seu automóvel, uma caixa metálica separa o ambiente interno do
externo. A Estante Pública aproveita um espaço inutilizado e
cria uma área de estar, um ambiente lúdico de
descontração. A metáfora nos ajuda a dizer as necessidades da alma. Esse desejo
de criar no cotidiano possibilidades de encontro, de contato. O fato da Estante
“ser pública” é justamente a ironia de existir sem permissão e ao mesmo tempo
oferecer algo em troca. Os espaços públicos existem para o público, que somos nós, todo esse povo que circula nas ruas é criador dessa realidade,
afeta e é afetado pelo ambiente. Quando é que vamos colocar a mão na massa e
nos responsabillizar por isso? A Estante Pública é um ato cívico que se vale do vandalismo como rompante de expressão.
Somos tão comportados não mexendo no que é dos outros que esquecemos de agir
naquilo que é nosso. Como entendemos que o que é público não nos pertence temos
a justificativa de não precisar contribuir com nada. Por uma moral respeituosa,
acabamos por não criar coletivamente. Podemos mudar a ordem das coisas! E isso
não é falta de educação, isso é vida na mais alta experiência.
Em última
análise, a Estante Pública é um teste de responsabilidade. Atua
em um paradoxo da nossa realidade urbana, até que ponto posso mexer no que é do
outro? Como posso criar sem destruir? Como atendo as minhas regras individuáis
sem ferir as do outro? São armadilhas da vida público-privada… precisamos
desarmá-las.
Na foto acima, Luis Flávio Trampo, um dos colaboradores do projeto. Se quiser saber mais sobre o belo trabalho deste artista, veja no post anterior.
“Você é o responsável. Preserve os
livros, respeite o próximo”.
Locais em que podem ser vistas as
estantes públicas:
Av. Independência, esquina Rua João Telles.
Av. Cristóvão Colombo, 724
Av. Ganzo, esquina Av. Getúlio Vargas
Rua José de Alencar, 311.
Av. Plínio Brasil Milano, 2050.
Av. Ijuí esquina Av. Bagé.
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