terça-feira, 27 de novembro de 2018

Ramsés


Volume IV - A Dama de Abu-Simbel
Chistian Jacq
Editora Bertrand Brasil


















Ramsés II, conhecido como “o Filho da Luz”, venceu de forma triunfal a batalha de Kadesh, deixando nos corações e mentes de seus inimigos o terror ao filho do sol, mas o temível povo *Hitita era também bravo e aguerrido, e não desistiria facilmente de se impor ao Egito. Acha, diplomata Egípcio e amigo pessoal de Ramsés, caíra numa emboscada e se encontrava prisioneiro do príncipe de Amurru (atual Líbano). Tão logo esta informação veio ao conhecimento de Ramsés, este se mobilizou para resgatar pessoalmente o amigo de infância, que já demostrara inúmeras vezes o valor de sua amizade tanto quanto dos serviços prestados ao Egito. Mais uma vez Ramsés tinha a seu lado a fera de força descomunal e leal batizada de Matador. O leão que o rei salvara da morte e que se tornara uma extensão do seu poder, incutindo o pavor no coração dos inimigos, tanto quanto o próprio monarca. *Os Hititas dominavam parte do que conhecemos hoje como Turquia e Síria

Neste quarto volume da séria, Ramsés terá que enfrentar situações adversas que se acumulam a cada dia, dentro e fora do seu território, e que poderão comprometer o reinado do Filho da Luz. Seu irmão mais velho, Chenar, ao contrário do que pensavam, sobreviveu à tempestade de areia e continua conspirando contra o Faraó, contando como aliado o misterioso Ofir - O mago líbio. Homem com perfil de ave de rapina, que tantas vezes conseguiu ardilosamente fugir da guarda real e que chefia a rede de espionagem Hitita dentro do Egito. Ramsés almeja ainda a construção de um extraordinário presente para a esposa Nefertari em Abu-Simbel, dois templos que servirão como símbolo de seu amor eterno.

Abu-Simbel, cujos dois templos celebram a união de Ramsés e Nefertari e se torna o centro espiritual da Núbia e a expressão simbólica do amor que une o Faraó à Grande esposa Real.

“O rei e a rainha passeavam nos jardins do palácio e Ramsés lia os textos dos sábios do tempo das pirâmides. Ambos tomavam cada vez mais consciência do amor imenso que os unia, do amor secreto que nenhuma palavra podia descrever, ardente como um céu de verão e doce como um pôr-do-sol sobre o Nilo”.


Enquanto isso na capital Hitita, cujo aspecto de fortaleza inatacável e poderio bélico faz esmorecer até mesmo os ânimos do mais corajoso dos homens, está sendo travada uma luta de forças que desejam assumir o trono dos hititas. O antigo imperador Muwattali está muito doente, e seu filho Uri-Techup, bem como Hattusil, irmão do imperador, aguardam a oportunidade de assumir seu lugar, e disso depende também os rumos que poderão tomar as relações diplomáticas entre o Egito e o Hatti. Neste ínterim, Ramsés se vê diante de um impasse, o colega de estudos e amigo de infância, Moisés, retornou vivo do deserto trazendo consigo uma missão... levar embora do Egito todo o povo Hebreu para a terra prometida por Jeová, o Deus único. Apesar de Ramsés admoestar Moisés, este se mostra irredutível e até mesmo disposto a esquecer a longa amizade entre os dois.

[...]A verdade não é útil quando se trata de governar; já a guerra tem a vantagem de apagar as contestações e criar um novo entusiasmo.

Mas Ramsés, o conquistador do impossível, cuja simples presença encarnava a autoridade suprema, não se deixaria desanimar mesmo diante de tantas adversidades. Aos 42 anos, vigésimo ano do seu reinado, Ramsés estava no auge do seu poder. Sua grande rainha Nefertari está ao seu lado e sua beleza e sua força e luz radiantes inspiram o Faraó. Neferatri cuja beleza incomparável parecia nascer do pincel de um gênio da pintura. Além dela, Ramsés contará com a valiosa e inestimável perseverança dos amigos que o acompanham de longa data. Ameni, dedicado e incansável escriba e secretário particular de Ramsés. Acha, seu amigo de infância, ministro dos Negócios Estrangeiros e chefe da diplomacia egípcia, cuja habilidade diplomática era sem precedentes. Serramanna, o Sardo e ex-pirata, que tornou o Egito de uma vez por todas sua pátria, de uma fidelidade absoluta e feroz no que diz respeito à segurança do monarca. Setaou, o curandeiro encantador de serpentes e mago-mor do reino, que junto com sua bela esposa Lótus, uma núbia destemida e habilidosa que encanta as serpentes, cuidam da saúde física e espiritual do reino, protegendo o Faraó e sua família dos ataques do além-túmulo e das sutilezas maléficas dos seus inimigos.

Conseguirá o Filho da Luz ser protegido pela da Dama de Abu-Simbel?


Comentários:

O livro é ótimo como foram os anteriores. A escrita elegante e fluida do escritor encanta e mantém a atenção e o interesse até o seu fim. Apenas fiquei intrigada que ao tratar de Ramsés e do Egito, ele complementou alguns fatos históricos com fictícios, dando até um certo destaque às forças do além e de natureza quimérica, enquanto que ao relatar o Êxodo do povo hebreu, ele banalizou as pragas lançadas sobre o Egito como meros acontecimentos sazonais da região. Por este motivo acabei realizando alguma pesquisa sobre a história e transcrevo abaixo algo para quem tiver interesse como eu nos assuntos bíblicos.


Abraço.
Jade


Texto de Luiz Gustavo Assis e Marina Garner.


Luiz Gustavo Assis, Bacharel em Teologia pelo UNASP C2 (2007). Trabalhou como Capelão e Professor de Ensino Religioso no Colégio Adventista de Esteio, RS, e como Pastor Distrital em Caxias do Sul e em Porto Alegre, RS. Atualmente está fazendo seu mestrado em Arqueologia do Oriente Médio e Línguas Semíticas na Trinity International University, nos EUA. Marina Garner é Mestrando em Filosofia da Religião na Trinity International University e Bacharel em Teologia pelo UNASP C2 (2009). Sua área de pesquisa é Filosofia da Religião.

Para acessar o site onde eles colaboram como colunistas clique AQUI

Como flores na primavera, assim são os políticos em ano de eleições. Eles podem ser vistos em toda parte. Suas fotos, nomes e números são quase onipresentes. Todos querem ser lembrados pelo público. Discrição ou timidez é algo impensável nesse período. E vale tudo para isso acontecer, inclusive ataques pessoais contra os adversários políticos.
A situação não era diferente no antigo Egito. Faraós não eram conhecidos por sua humildade ou pequenos atos, mas sim pelas batalhas e vitórias alcançadas com inteligência e força. Nas paredes de templos e palácios do antigo Egito podem ser vistas cenas de tais vitórias. E com elas, podem ser lidas inscrições em que o monarca orgulhosamente afirma sua superioridade diante do exército adversário.
Por causa desta ideologia triunfalista, os egípcios nunca admitiam derrota. Não apenas eles, mas os reis dos povos da Crescente Fértil, que também é chamada de Antigo Oriente Médio, dificilmente reconheciam um fracasso numa campanha militar ou a contenção de uma revolta em seu império. Por exemplo, em determinado momento do seu reinado, o faraó Ramsés II arregimentou suas tropas para lutar contra um império rival, os Hititas, que dominavam parte do que conhecemos hoje como Turquia e Síria e na ocasião eram liderados pelo rei Muwatallis. A batalha de Kadesh, como ficou posteriormente conhecida, se tornou célebre. Temos tanto a versão egípcia de como ela foi, bem como a hitita. Ambas as versões clamam vitória nesse confronto. Não sabemos quem ganhou a batalha de Kadesh. Dificilmente um governante do mundo antigo reconheceria uma derrota.
Havia uma outra prática nessa batalha ideológica. O rei derrotado era geralmente deixado sem nome nos textos, como uma forma de humilhação. Eis alguns exemplos:
a) Quando o Faraó Thutmoses III, em Megido, sufocou uma rebelião iniciada pelo rei de Kadesh, ele se refere a este rei como “aquele miserável rei de Kadesh”, ou “aquele miserável rei”;
b) Numa cena em que Seti I pode ser visto perseguindo o rei dos Hititas e o acertando com flechas, as 20 linhas de texto descrevendo a batalha não mencionam o nome do rei derrotado;
c) Nos poemas e descrições militares de Ramsés II da já mencionada batalha de Kadesh, em nenhum momento o rei hitita é mencionado pelo nome, mas sempre referido como “o inimigo de Hati” (como império hitita também era chamado) ou “o miserável rei de Hati”.
Ao que parece, essa prática de não nomear o rei derrotado foi adotada pelo autor do livro de Êxodo, Moisés. Nos quinze capítulos iniciais da obra, o(s) faraó(s) jamais é(são) mencionado(s) pelo nome. Alguns (muitos, eu diria) tomam essa ‘falta de objetividade histórica’ para afirmar que a história dos israelitas no Egito não passa de uma ficção criada pela elite sacerdotal nos dias do rei Josias, rei de Judá, no sétimo século a.C., durante sua reforma religiosa. Sendo assim, por que tal documento seguiu uma prática egípcia (não nomear o rei derrotado) que não era mais utilizada nos dias de Josias e bem diferente daquela que os babilônicos e assírios seguiam?1 Nesse ponto, a história do Êxodo parece apontar para um período mais próximo dos eventos que ali são narrados.
O autor de Êxodo sabia o nome do faraó da ocasião?2 Eu creio que sim. Ele sabia o nome das parteiras que ajudaram as mulheres hebreias, Sifrah e Puah (Êx. 1:15)! Tal omissão foi deliberada. Os quinze capítulos iniciais de Êxodo são uma batalha ideológica entre Yahweh, o Deus dos israelitas, e faraó, o rei divino egípcio. Quando confrontado por Moisés pela primeira vez para deixar seu povo abandonar a casa da servidão, em Êxodo 5:1-2, o monarca egípcio arrogantemente pergunta: “Quem é o Senhor para que eu obedeça a sua voz para deixar Israel ir? Eu não conheço o Senhor, e também não deixarei Israel ir.” Se Faraó não conhecia a Deus, Moisés fez questão de apresentá-Lo nos capítulos seguintes. A pergunta não deveria ser “quem foi o faraó do Êxodo?”, mas sim “Quem é o Deus do Êxodo?”, e a resposta para essa pergunta está na sua Bíblia.
Luiz Gustavo Assis
____________________
1 Babilônios e assírios documentavam todos os detalhes de suas batalhas, inclusive o nome dos reis derrotados. Muitos céticos rejeitam as histórias bíblicas, principalmente o Êxodo, devido à falta de evidências diretas que as comprovem. No caso do Êxodo, existem diversas evidências indiretas que reconstroem bem o ambiente histórico que o autor bíblico descreve ali. Meu professor James K. Hoffemeir é um dos principais pesquisadores na área com dois livros publicados sobre o assunto, “Israel in Egypt: The Evidence for the Authenticity of the Exodus Tradition” (Oxford University Press, 1996), e “Ancient Israel in Sinai: The Evidence for the Authenticity of the Wilderness Tradition” (Oxford University Press, 2005). Ambos sem previsão de publicação em língua portuguesa.
2 Aqueles que defendem a realidade histórica do Êxodo estão divididos em duas datas: uma durante a 18a dinastia (ca. 1450), com base em 1 Reis 6:1, e tendo mais de um Faraó como candidato (Thutmoses III/IV), e outra data durante a 19a dinastia (ca. 1260 a.C.), tendo Ramsés II como o Faraó da história. Como o artigo não é sobre a data do Êxodo não entrarei em maiores detalhes sobre a discussão envolvendo as duas datas.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Senhorita Christina



Mircea Eliade
Editora Tordesilhas

Ano do lançamento 1936.

No ano de 2012 o livro finalmente aporta no Brasil, numa edição capa dura, papel couche e formato 18,8 x 27,4 cm. Traduzido direto do Romeno para o português, por Fernando Kablin e com ilustrações de Santiago Caruso.

O Autor do livro, mais conhecido como historiador das religiões, nasceu em Bucareste, Romênia, no ano de 1907 e faleceu em 1986, em Chicago, Estados Unidos. Formado em filosofia pela Universidade de Bucareste, onde lecionou, foi professore em diversas universidades europeias até a Segunda Guerra Mundial, terminando por se radicar nos Estados Unidos, onde deu aulas na Universidade de Chicago. Escreveu 37 obras ao todo, entre ensaios, romance e teatro.

Por ocasião de sua publicação Senhorita Christina causou alvoroço na sociedade, por ser considerado pornográfico para os padrões da época, o que retardou sua divulgação pelo mundo afora. Nos dias de hoje, poucos ficarão chocados com algumas cenas mais sensuais e picantes do livro. É interessante ver que apesar dos personagens mais clássicos do vampirismo serem normalmente masculinos, o autor decidiu dar este destaque em sua obra a uma mulher.

Senhorita Christina, a personagem principal do romance que carrega seu nome, é uma "strigoi", o qual difere em certos aspectos de um “vampiro”, ao menos da forma como a maioria das pessoas os conhecem hoje, pelo vasto uso desse personagem mítico na literatura.call center No folclore romeno, strigoi são as almas atormentadas dos mortos que saem dos túmulos. Alguns podem ser pessoas vivas com certas propriedades mágicas. Entre as características destes seres, estão a capacidade de transformação num animal, invisibilidade e a tendência para escoar a vitalidade das vítimas através da perda de sangue. Os strigoi são também conhecidos como vampiros imortais.

Conforme  Sorin Alexandrescu (sobrinho de Mircea Eliade e responsável pelo POSFÁCIO do livro) "Senhorita Christina está entre as obras situadas na margem ou nas fissuras da realidade, onde o imaginário ou o mito perturba seus contornos".

Confesso que eu sempre me senti atraída por estórias de vampiros, o que provavelmente tenha se iniciado na infância, com filmes clássicos como Nosferatu e Conde Drácula (ambos inspirados no famoso livro “Drácula” de Bram Stoker). O tema é recorrente no cinema e com o tempo ganhou atenção especial do público jovem no mundo dos livros. Alguns dos filmes mais marcantes na minha adolescência foram Drácula de Bram Stoker e Entrevista com o Vampiro cujos livros que lhes serviram de inspiração vim a ler posteriormente. Desde então os “vampiros” já sofreram muitas mudanças e adaptações, mas francamente, vampiro não tem como ser “bonzinho” não é mesmo? Afinal, não existiria o eterno desafio feminino de redimir uma alma masculina perdida.

Mas vamos ao livro...
A trama de desencadeia num casarão esquecido na planície do Danúbio, onde moram Dona Moscu e suas duas filhas. Sanda, uma jovem mulher de vinte anos e Simina, uma menina diabolicamente adulta para seus 9 anos, cuja beleza tão perfeita beirava a artificialidade, mas não era o principal ingrediente que detinha a atenção dos adultos a sua volta. Sua astúcia e modos impertinentes conseguiam intimidar até mesmo os homens. Dona Moscu estava dando hospedagem para, Ígor, um jovem artista e pintor que em detrimento do seu trabalho, estava empenhado na tarefa de seduzir a doce e reservada Sanda. Alguns dias depois, com a chegada de um segundo hóspede, o arqueólogo e professor Nazarie, Ígor ganha companhia para preencher as horas de insônia com longas conversas regadas com algumas doses de conhaque, onde ambos falam sobre certas estranhices no modo de agir de Dona Moscu. A senhora lhes parece cansada e até mesmo doente no seu comportamento perturbadoramente abstraído. À medida que os dias passam, dona Moscu e Simina se mostram notadamente obcecadas pela falecida irmã de Dona Moscu, Senhorita Christina. Cuja morte, os dois vem a descobrir depois, foi a consequência de um comportamento devasso, que culminou no seu assassinato por um amante enciumado. Durante a estada na fazenda, os dois homens perdem gradativamente a serenidade de espírito, ao serem acometidos por aparições em sonhos e fora deles, o que piora diante do modo de portar-se cada vez mais atípico de suas anfitriãs. Vai se tornando mais difícil discernir a realidade do onírico, principalmente para Ígor, que se vê corrompido pela sedução de uma mulher já morta a aproximadamente 30 anos e cujo perfume de violeta deixa um rastro insistente no quarto, mesmo na presença da luz matutina. Os sonhos ganham um novo sentido naquele lugar isolado e quase morto, como um universo à parte. Enquanto Ígor e Nazirre tentam compreender o que está havendo, tudo no cotidiano da fazenda parece estar se deteriorando juntamente com a saúde da filha mais velha de dona Moscu.  Os animais estão sumindo, em contrapartida as aparições se tornam cada vez mais presentes e palpáveis, confundindo os dois homens, que lutam para tentar salvar a vida de Sanda e manter a sanidade.

Uma ótima leitura.

Trechos do livro, por ocasião do avistamento do quadro de Senhorita Christina.

“Ígor permanecera longe do quadro, esforçava-se em compreender de onde brotava, em seu espírito, tanta melancolia e cansaço diante dessa donzela que o fitava nos olhos, sorrindo-lhe com familiaridade, como se o houvesse escolhido, é só ele dentre todos os presentes, para falar de sua infinita solidão. Uma imensa saudade e muita tristeza pairavam nos olhos da senhorita Chistina. Em vão sorria-lhe com familiaridade, em vão apertava a sombrinha azul; com uma sobrancelha sorrateiramente erguida, ela o convidava a rir do chapéu demasiado grande e ornamentado, que ela, naturalmente, não suportava, mas fora obrigada a usar porque assim exigira sua mãe” [...]


“Os olhos da senhorita Christina luziram mais pérfidos por um instante. Ígor levou a mão à testa. Que estranho cheiro naquele aposento. Não teria sido o quarto dela? Com o rabo do olho, mirou a outra parede. Embora dona Moscu lhe houvesse dito que era um salão, encontrava-se ali, no canto, um imenso leito, branco, com baldaquim. Ergueu mais uma vez o olhar para o retrato. Senhorita Christina acompanhava-lhe os movimentos todos. Ígor era capaz de ler muito bem os olhos; ela o vira notando a cama e não enrubesceu; pelo contrário, continuava fitando-o firme, de certo modo desafiadora. “Sim, este é o meu quarto de donzela e aquela é a minha cama, meu leito virginal”- assim pareciam-lhe falar os olhos da senhorita Christina”.

 “O sr. Nazirre permanecera estupefato desde o momento que deparara com os olhos do retrato”.

“Um cheiro estranho pairava no aposento; não de morto, nem de flores funerárias, mas de juventude interrompida e conservada ali, entre quatro paredes”.

Abraço
Jade

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Uma Noiva para Winterborne



Lisa Kleypas

Editora Arqueiro


A resenha contém spoiler do livro anterior.

Rhys Winterborne é um homem ambicioso e tenaz, nascido em uma família humilde de origem Galês. O pai era comerciante e graças a seu próprio esforço e trabalho duro, Rhys transforma o pequeno comércio da família num império que ganha destaque e inveja na sociedade inglesa. Desprezado por muitos nobres por sua origem pobre e nacionalidade estrangeira, é um homem de negócios implacável quando se trata de proteger seus interesses e das pessoas de quem gosta. Por outro lado, um homem justo nas suas relações de trabalho, bem como capaz de arriscar a própria vida para salvar um inocente. Ele não aceita nada menos do que o melhor. Acolhido na casa da família Ravanel para ser cuidado após um acidente, tem por enfermeira a própria Lady Helen Ravanel. Uma bela jovem tímida e sensível, inexperiente com os homens e cuja vislumbre de uma relação se baseia na leitura de romances. Nos dias que se seguem, Rhys decide que ela será sua e fará o que for necessário para tê-la. No seu frenesi de homem viril, Ryhs assusta a jovem o que acaba sendo interpretado erroneamente por ele como desprezo e no primeiro volume da série, Ryhs decide encerrar o noivado.

No início deste segundo volume, apesar de sua inocência e timidez, a sedução perseverante de Rhys havia despertado em Helen sentimentos que desconhecia e dos quais não queria abrir mão, o que a leva a procura-lo numa tentativa de reatar o noivado.


"O Sr. Winterborne era espantosamente belo, não à maneira dos príncipes de contos de fadas, mas com uma masculinidade inflexivel que mexia com os nervos de Helen. Os traços do rosto dele eram arrojados, com um nariz bem definido e lábios cheios e delineados. Sua pele não mostrava a palidez da moda, mas um tom moreno, rico e quente, e os cabelos eram negros como carvão. Não havia nada do relaxamento aristocrático nele, nenhum toque de graça lânguida. O Sr. Winterborne era sofisticado e muito inteligente, mas havia algo selvagem nele. Uma sugestão de perigo, um fogo que parecia arder sob a superfície."

Demonstrando que sua encantadora aparência delicada, escondia uma Helen forte e decidida, ela faz uma proposta para Ryhs e, arriscando tudo e contrariando a vida calma e tranquila que conhece, Helen decide mudar o seu destino previsível se entregando a esta paixão de corpo e alma. Quando tudo parecia estar indo bem, por obra do acaso, ao separar alguns móveis e livros para sua nova casa, se depara com uma carta muito antiga que pertencera à mãe já falecida. Um segredo sombrio sobre sua família é desvendado e seus sonhos parecem ruir diante daquelas palavras. Temendo que esta descoberta venha a destruir seu futuro junto a Rhys, Helen tenta se preparar para o pior. 


Este é o segundo volume da coleção Os Ravenels e eu não li o primeiro volume, mas achei tranquilo começar pelo volume II. Uma trama recheada de diálogos bem-humorados e cenas sensuais e românticas. A cada novo encontro de Ryhs Winterborne e Lady Helen Ravanel, fica mais difícil largar o livro. Cenas picantes recheiam este romance leve e de fácil leitura. Uma obra excelente para passar o tempo. Confesso que nas primeiras páginas me fez lembrar daqueles romances antigos que eram vendidos nas bancas de jornal, o que me deixou um pouco desmotivada, mas é inegável o magnetismo que exerce a cada página.


Abraço
Jade

Paulo R. Gaefke


“A vida é uma tela com pequenos rabiscos, onde criamos o céu ou o inferno, de acordo com as tintas que usamos…”


Amendoeira em Flor de Van Gogh

Vai, deixa de tristeza e deixa o sonho te levantar,
acredite que é possível ainda hoje uma virada,
acredite que tudo foi apenas um engano,
mantenha a rota do seu barco da vida,
não desista novamente,
as pedras são apenas restos que a chuva trouxe…


Amar, viver, sonhar, acreditar, lutar e até o chorar,
são fases que compõem o grande quadro chamado vida,
onde a tela é a sua história,
as tintas são as pessoas que passam por ela,
mas, o pintor, o responsável pela obra é sempre você.

Parte do quadro Girassóis, de Gustave Caillebotte
Haja o que houver, aconteça o que acontecer,
o pincel que mistura as cores,
que dá forma ao que vai surgir na tela,
que cria e apaga situações e imagens,
ainda está na sua mão.

É você quem pode criar agora, uma estrada florida,
ou o caminho escuro das incertezas e dúvidas.
Já que você é o autor, o pintor dessa tela chamada vida,
comece pintando um sorriso,
que é o sinal que representa a esperança, a renovação,
símbolo dos que não desistem nunca de ser feliz,
e ser feliz exige criatividade, esforço e dedicação.

Se tudo deu errado até aqui, passe tinta branca em toda a tela e recomece,
hoje é o dia perfeito para uma nova pintura…

Paulo Roberto Gaefke

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Fotografia





Uma fuga, um prazer, um mergulho num momento que nunca irá se repetir da mesma forma e nem com as mesmas impressões e sentimentos despertos naquele instante único e fugaz. Uma brecha entre o visto e o não percebido por todos os olhares, um momento eternizado pelas lentes de uma câmera de acordo com a percepção de uma pessoa.

Uma forma de relaxar e celebrar a natureza.



Estas são fotos que revelam a beleza nos detalhes que muitas vezes não captamos num primeiro olhar. Meu jardim foi a fonte de inspiração e palco.










segunda-feira, 5 de novembro de 2018

O Secretário Italiano


Ruínas da Abadia de  Holyroodhouse 

Sherlock Holmes está de volta, sob nova direção...

Caleb Carr
Editora Record

Caleb Carr contou com a autorização dos herdeiros de Arthur Conan Doyle, autor original da série sobre o detetive inglês mais conhecido da história, para nos brindar com mais uma aventura desse brilhante personagem que tanto inspirou a sétima arte.

Sherlock Holmes recebe um telegrama do irmão, Mycroft: ESTOU NO ESPECIAL DA PALL MALL 8 – “O SOL É MUITO ARDENTE, O CÉU SE ENCHE DE ÁGUIAS FAMILIARES” – LEIA MCKAY E SINCLAIR, OBRAS REUNIDAS – MANTENHA O SR. WEBLEY POR PERTO; MANDE LER SUA MÃO, POR PROTEÇÃO – UM PAR DE LEITOS ESTÁ RESERVADO NO CALEDÔNIA – MEU ANTIGO ARRENDATÁRIO FICARÁ LADO A LADO EM QUARENTENA.

Contendo mais informações nas entre linhas do que no documento propriamente dito, a misteriosa mensagem guia Sherlock Holmes e o Dr. Watson para mais uma aventura na Escócia, onde o Palácio de Holyroodhouse recentemente foi o palco de terríveis “acidentes”. Outrora uma antiga abadia, posteriormente uma morada medieval de reis escoceses, mais famoso por ter sido o lar preferido de Maria, rainha dos escoceses, Holyroodhouse já passara por algumas reformas, contudo a ala oeste havia sido entregue ao capricho do tempo. A Rainha Vitória resolvera dar um novo sopro de vida para esta secção do Palácio, mas as obras foram interrompidas pelas “estranhas” mortes do arquiteto responsável pelo empreendimento, bem como do seu capataz.

Palacio de Holyroodhouse  Edimburgo / Escocia
Os dois partem imediatamente para a Escócia, colhendo pistas que podem colocar em risco suas vidas, e que levam Holmes a temer pela vida do próprio irmão. As mortes podem ser os elementos-chave de uma estratégia muito mais sofisticada e maligna contra a vida da rainha. Por outro lado, paira sobre o local dos crimes a indelével presença de forças obscuras cujos moradores atribuem ao infame assassinato de David Rizzio (o secretário italiano da rainha Maria Stuart da Escócia), morto na presença da própria Maria em 09 de março de 1565.
Seriam estes homicídios resultado de um crime ocorrido a quase trezentos anos, e David Rizzio, na condição de espírito vingador, o responsável por eles?


Confesso que nunca li as obras de Arthur Conan Doyle e portanto não posso fazer a comparação entres as escritas, mas posso afirmar que O Secretário Italiano foi uma ótima leitura e quem ler não irá se arrepender.

Achei interessante postar junto a Biografia de Arthur Conan Doyle, cujas obras até hoje reverberam na literatura, especialmente pela criação de um personagem tão singular, perspicaz e maniático, que por isto mesmo se tornou único e inesquecível.

Arthur Conan Doyle (1859-1903) foi um escritor e médico britânico, autor das histórias do imortal detetive Sherlock Holmes.

Arthur Ignatius Conan Doyle nasceu em Edimburgo, Escócia, no dia 22 de maio de 1859. Estudou no Colégio Stonyhurst, onde concluiu o colegial em 1875.  Em 1876 ingressou na Universidade de Edimburgo concluindo o curso de Medicina em 1881. Entre 1882 e 1890 exerceu a profissão em Southsea, Inglaterra.

Ainda estudante, Conan começou a escrever pequenas histórias. Em 1887 publicou na revista de bolso Beeton’s Christmas Annual, a história “Study in Scarlate” (Um Estudo em Vermelho), que se converteria no primeiro dos 60 outros contos em que aparece um dos detetives literários mais famosos de todos os tempos, “Sherlock Holmes”.

Em fevereiro de 1890, Conan Doyle teve sua segunda história intitulada “The Signo of the Four” (O Signo dos Quatro), publicada na revista Lipincott’s Magazine. O sucesso dos contos de Arthur Conan Doyle teve início em julho de 1891, quando a revista Strand Magazine publicou “A Scandal in Bohemia” (Um Escândalo na Boêmia). Outra criação de grande destaque em suas histórias é o doutor “Watson”, um médico leal, porém intelectualmente lerdo que acompanha Sherlock e escreve suas aventuras.

Em 1893 Arthur Conan Doyle publicou “The Final Problem” (O Problema Final), quando resolveu matar o detetive Holmes, junto com seu inimigo mortal, o vilão Moriarty, mas as manifestações de desagrado e a pressão de seus leitores fez o escritor trazer de volta o detetive na história “A Casa Vazia”, com a explicação de que apenas Moriarty havia caído nas Cataratas de Reichenbach. O conto foi publicado originalmente no livro “A Volta de Sherlock Holmes” (1905).

Após a morte de seu filho mais velho nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, Arthur Conan sofreu uma crise existencial e encontrou consolo no espiritismo. Decidiu então difundir sua crença com a publicação das obras: “A Nova Revelação” (1918), “A Chegada das Fadas” (1921) e “A História dos Espíritos”.

O grande sucesso dos contos de Sherlock Holmes levou o escritor Arthur Conan Doyle a publicar suas fascinantes histórias ao longo de quarenta anos e continua a despertar o interesse de jovens e adultos de tal forma que o seu endereço fictício – 221B, Baker Street, Londres, abriga hoje o museu do ilustre detetive, atraindo um grande número de visitantes de várias partes do mundo.

Em 1902, o rei Eduardo VII concedeu a Doyle o título de Sir pela publicação de diversos artigos a favor de seu país na guerra dos bôeres e o livro “A Guerra na África do Sul” (1900). O autor publicou também seis volumes da obra “The British Compaign in Flanders” (1916-1919).


Arthur Conan Doyle faleceu em Crowborough, Inglaterra, no dia 7 de julho de 1930.

Abraço
Jade.

domingo, 4 de novembro de 2018

O Anjo das Trevas



Caleb Carr

Editora Record


Encadernação comum; Editoração normal; Papel comum.... mas uma excelente e envolvente história. O que não compreendo é como um livro tão bom como este se tornou tão difícil de adquirir. Tive que pesquisar nos usados e ficar aguardando para receber. Nas livrarias de novos não tinha nem para encomenda!

Conheci o autor através da série homônima baseada no seu outro livro “O Alienista”, a qual pode ser encontrada no Netflix. O personagem principal nos dois livros, Dr. Laszlo Kreizler, é um pioneiro da psiquiatria forense, cujo maior objetivo é conseguir entender os meandros da mente humana e o que as levam a cometer crimes hediondos, o que poderia auxiliar no tratamento dessas doenças bem como nos casos que envolvem crianças, que muitas vezes são vítimas de adultos insensíveis e presos a preconceitos que não lhes permitem ver o dano psicológico que muito supera o físico. O próprio Dr. Laszlo foi vítima de abuso na infância, por um pai rude e autoritário, que lhe deixou como eterna lembrança uma atrofia no braço direito.

No caso da série, na abertura de cada capítulo aparece uma explicação para o termo “Alienista”.

“No século 19, acreditava-se que pessoas que sofriam de doenças mentais eram alienadas de sua verdadeira natureza. Os especialistas que as estudavam eram conhecidos como alienistas.”

Em O ANJO DAS TREVAS, o escritor americano Caleb Carr retorna ao universo de seu maior sucesso de público e crítica, O alienista. Estamos na Nova York do final do século XIX. A trama se passa um ano depois de o Dr. Laszlo Kreizler — um pioneiro da psiquiatria forense, auxiliado por um restrito grupo de colaboradores — ter descoberto o assassino serial John Beecham usando seus conhecimentos científicos. Durante esse tempo, Kreizler e seus colaboradores conseguiram se distanciar da realidade mórbida daqueles crimes. Mas acabam levados de volta à pista de um assassino igualmente terrível quando são chamados para descobrir o paradeiro da filha de um diplomata espanhol. Isso às vésperas da guerra hispano-americana que colocou EUA e Espanha em lados opostos do campo de batalha.
Mais uma vez Caleb Carr demonstra grande habilidade na recriação do passado, tanto das ruas mais sórdidas quanto a dos salões mais elegantes de Manhattan. Uma sociedade que jantava no Delmonico’s e passava férias em Saratoga, um lugar que escondia pistas sobre a identidade do criminoso. Um romance empolgante com uma reconstituição impecável e cativante da Nova York da virada do século. 


Imagem de Mariana Britto
Sigo andando a passos largos...
...sem rumo e sem destino, apenas observando o que se passa e o que passou, o conhecimento traz prazer mas também traz dor.
Jade

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