Volume IV - A Dama de
Abu-Simbel
Chistian Jacq
Editora Bertrand Brasil
Ramsés II, conhecido como “o
Filho da Luz”, venceu de forma triunfal a batalha de Kadesh, deixando nos
corações e mentes de seus inimigos o terror ao filho do sol, mas o temível povo
*Hitita era também bravo e aguerrido, e não desistiria facilmente de se impor
ao Egito. Acha, diplomata Egípcio e amigo pessoal de Ramsés, caíra numa
emboscada e se encontrava prisioneiro do príncipe de Amurru (atual Líbano). Tão
logo esta informação veio ao conhecimento de Ramsés, este se mobilizou para resgatar
pessoalmente o amigo de infância, que já demostrara inúmeras vezes o valor de
sua amizade tanto quanto dos serviços prestados ao Egito. Mais uma vez Ramsés
tinha a seu lado a fera de força descomunal e leal batizada de Matador. O leão
que o rei salvara da morte e que se tornara uma extensão do seu poder,
incutindo o pavor no coração dos inimigos, tanto quanto o próprio monarca. *Os Hititas dominavam parte do
que conhecemos hoje como Turquia e Síria
Neste quarto volume da séria,
Ramsés terá que enfrentar situações adversas que se acumulam a cada dia, dentro
e fora do seu território, e que poderão comprometer o reinado do Filho da Luz.
Seu irmão mais velho, Chenar, ao contrário do que pensavam, sobreviveu à
tempestade de areia e continua conspirando contra o Faraó, contando como aliado
o misterioso Ofir - O mago líbio. Homem com perfil de ave de rapina, que tantas
vezes conseguiu ardilosamente fugir da guarda real e que chefia a rede de
espionagem Hitita dentro do Egito. Ramsés almeja ainda a construção de um
extraordinário presente para a esposa Nefertari em Abu-Simbel, dois templos que
servirão como símbolo de seu amor eterno.
“O rei e a rainha passeavam
nos jardins do palácio e Ramsés lia os textos dos sábios do tempo das
pirâmides. Ambos tomavam cada vez mais consciência do amor imenso que os unia,
do amor secreto que nenhuma palavra podia descrever, ardente como um céu de
verão e doce como um pôr-do-sol sobre o Nilo”.
Enquanto isso na capital Hitita,
cujo aspecto de fortaleza inatacável e poderio bélico faz esmorecer até mesmo
os ânimos do mais corajoso dos homens, está sendo travada uma luta de forças
que desejam assumir o trono dos hititas. O antigo imperador Muwattali está
muito doente, e seu filho Uri-Techup, bem como Hattusil, irmão do imperador, aguardam
a oportunidade de assumir seu lugar, e disso depende também os rumos que
poderão tomar as relações diplomáticas entre o Egito e o Hatti. Neste ínterim,
Ramsés se vê diante de um impasse, o colega de estudos e amigo de infância,
Moisés, retornou vivo do deserto trazendo consigo uma missão... levar embora do
Egito todo o povo Hebreu para a terra prometida por Jeová, o Deus único. Apesar
de Ramsés admoestar Moisés, este se mostra irredutível e até mesmo disposto a
esquecer a longa amizade entre os dois.
[...]A
verdade não é útil quando se trata de governar; já a guerra tem a vantagem de
apagar as contestações e criar um novo entusiasmo.
Mas Ramsés, o conquistador do
impossível, cuja simples presença encarnava a autoridade suprema, não se
deixaria desanimar mesmo diante de tantas adversidades. Aos 42 anos, vigésimo
ano do seu reinado, Ramsés estava no auge do seu poder. Sua grande rainha
Nefertari está ao seu lado e sua beleza e sua força e luz radiantes inspiram o
Faraó. Neferatri cuja beleza incomparável parecia nascer do pincel de um gênio
da pintura. Além dela, Ramsés contará com a valiosa e inestimável perseverança
dos amigos que o acompanham de longa data. Ameni, dedicado e incansável escriba
e secretário particular de Ramsés. Acha, seu amigo de infância, ministro dos
Negócios Estrangeiros e chefe da diplomacia egípcia, cuja habilidade
diplomática era sem precedentes. Serramanna, o Sardo e ex-pirata, que tornou o
Egito de uma vez por todas sua pátria, de uma fidelidade absoluta e feroz no
que diz respeito à segurança do monarca. Setaou, o curandeiro encantador de
serpentes e mago-mor do reino, que junto com sua bela esposa Lótus, uma núbia destemida
e habilidosa que encanta as serpentes, cuidam da saúde física e espiritual do
reino, protegendo o Faraó e sua família dos ataques do além-túmulo e das
sutilezas maléficas dos seus inimigos.
Conseguirá o Filho da Luz ser
protegido pela da Dama de Abu-Simbel?
Comentários:
O livro é ótimo como foram os
anteriores. A escrita elegante e fluida do escritor encanta e mantém a atenção
e o interesse até o seu fim. Apenas fiquei intrigada que ao tratar de Ramsés e
do Egito, ele complementou alguns fatos históricos com fictícios, dando até um
certo destaque às forças do além e de natureza quimérica, enquanto que ao
relatar o Êxodo do povo hebreu, ele banalizou as pragas lançadas sobre o Egito
como meros acontecimentos sazonais da região. Por este motivo acabei realizando
alguma pesquisa sobre a história e transcrevo abaixo algo para quem tiver
interesse como eu nos assuntos bíblicos.
Abraço.
Jade
Texto de Luiz Gustavo Assis e Marina Garner.
Luiz Gustavo Assis, Bacharel
em Teologia pelo UNASP C2 (2007). Trabalhou como Capelão e Professor de Ensino
Religioso no Colégio Adventista de Esteio, RS, e como Pastor Distrital em
Caxias do Sul e em Porto Alegre, RS. Atualmente está fazendo seu mestrado em
Arqueologia do Oriente Médio e Línguas Semíticas na Trinity International
University, nos EUA. Marina Garner é Mestrando em Filosofia da Religião na
Trinity International University e Bacharel em Teologia pelo UNASP C2 (2009).
Sua área de pesquisa é Filosofia da Religião.
Para acessar o site onde eles
colaboram como colunistas clique AQUI
Como
flores na primavera, assim são os políticos em ano de eleições. Eles podem ser
vistos em toda parte. Suas fotos, nomes e números são quase onipresentes. Todos
querem ser lembrados pelo público. Discrição ou timidez é algo impensável nesse
período. E vale tudo para isso acontecer, inclusive ataques pessoais contra os
adversários políticos.
A
situação não era diferente no antigo Egito. Faraós não eram conhecidos por sua
humildade ou pequenos atos, mas sim pelas batalhas e vitórias alcançadas com
inteligência e força. Nas paredes de templos e palácios do antigo Egito podem
ser vistas cenas de tais vitórias. E com elas, podem ser lidas inscrições em
que o monarca orgulhosamente afirma sua superioridade diante do exército adversário.
Por
causa desta ideologia triunfalista, os egípcios nunca admitiam derrota. Não
apenas eles, mas os reis dos povos da Crescente Fértil, que também é chamada de
Antigo Oriente Médio, dificilmente reconheciam um fracasso numa campanha
militar ou a contenção de uma revolta em seu império. Por exemplo, em
determinado momento do seu reinado, o faraó Ramsés II arregimentou suas tropas
para lutar contra um império rival, os Hititas, que dominavam parte do que
conhecemos hoje como Turquia e Síria e na ocasião eram liderados pelo rei
Muwatallis. A batalha de Kadesh, como ficou posteriormente conhecida, se tornou
célebre. Temos tanto a versão egípcia de como ela foi, bem como a hitita. Ambas
as versões clamam vitória nesse confronto. Não sabemos quem ganhou a batalha de
Kadesh. Dificilmente um governante do mundo antigo reconheceria uma derrota.
Havia
uma outra prática nessa batalha ideológica. O rei derrotado era geralmente
deixado sem nome nos textos, como uma forma de humilhação. Eis alguns exemplos:
a)
Quando o Faraó Thutmoses III, em Megido, sufocou uma rebelião iniciada pelo rei
de Kadesh, ele se refere a este rei como “aquele miserável rei de Kadesh”, ou
“aquele miserável rei”;
b)
Numa cena em que Seti I pode ser visto perseguindo o rei dos Hititas e o
acertando com flechas, as 20 linhas de texto descrevendo a batalha não
mencionam o nome do rei derrotado;
c)
Nos poemas e descrições militares de Ramsés II da já mencionada batalha de
Kadesh, em nenhum momento o rei hitita é mencionado pelo nome, mas sempre
referido como “o inimigo de Hati” (como império hitita também era chamado) ou
“o miserável rei de Hati”.
Ao
que parece, essa prática de não nomear o rei derrotado foi adotada pelo autor
do livro de Êxodo, Moisés. Nos quinze capítulos iniciais da obra, o(s) faraó(s)
jamais é(são) mencionado(s) pelo nome. Alguns (muitos, eu diria) tomam essa
‘falta de objetividade histórica’ para afirmar que a história dos israelitas no
Egito não passa de uma ficção criada pela elite sacerdotal nos dias do rei
Josias, rei de Judá, no sétimo século a.C., durante sua reforma religiosa.
Sendo assim, por que tal documento seguiu uma prática egípcia (não nomear o rei
derrotado) que não era mais utilizada nos dias de Josias e bem diferente
daquela que os babilônicos e assírios seguiam?1 Nesse
ponto, a história do Êxodo parece apontar para um período mais próximo dos
eventos que ali são narrados.
O
autor de Êxodo sabia o nome do faraó da ocasião?2 Eu
creio que sim. Ele sabia o nome das parteiras que ajudaram as mulheres
hebreias, Sifrah e Puah (Êx. 1:15)! Tal omissão foi deliberada. Os quinze
capítulos iniciais de Êxodo são uma batalha ideológica entre Yahweh, o
Deus dos israelitas, e faraó, o rei divino egípcio. Quando confrontado por
Moisés pela primeira vez para deixar seu povo abandonar a casa da servidão, em
Êxodo 5:1-2, o monarca egípcio arrogantemente pergunta: “Quem é o Senhor para
que eu obedeça a sua voz para deixar Israel ir? Eu não conheço o Senhor, e
também não deixarei Israel ir.” Se Faraó não conhecia a Deus, Moisés fez
questão de apresentá-Lo nos capítulos seguintes. A pergunta não deveria ser
“quem foi o faraó do Êxodo?”, mas sim “Quem é o Deus do Êxodo?”, e a resposta
para essa pergunta está na sua Bíblia.
Luiz
Gustavo Assis
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1 Babilônios
e assírios documentavam todos os detalhes de suas batalhas, inclusive o nome
dos reis derrotados. Muitos céticos rejeitam as histórias bíblicas,
principalmente o Êxodo, devido à falta de evidências diretas que as
comprovem. No caso do Êxodo, existem diversas evidências indiretas
que reconstroem bem o ambiente histórico que o autor bíblico descreve ali. Meu
professor James K. Hoffemeir é um dos principais pesquisadores na área com dois
livros publicados sobre o assunto, “Israel in Egypt: The Evidence for the
Authenticity of the Exodus Tradition” (Oxford University Press, 1996), e
“Ancient Israel in Sinai: The Evidence for the Authenticity of the Wilderness
Tradition” (Oxford University Press, 2005). Ambos sem previsão de publicação em
língua portuguesa.
2 Aqueles
que defendem a realidade histórica do Êxodo estão divididos em duas datas: uma
durante a 18a dinastia (ca. 1450), com base em 1 Reis 6:1, e tendo mais de um
Faraó como candidato (Thutmoses III/IV), e outra data durante a 19a dinastia
(ca. 1260 a.C.), tendo Ramsés II como o Faraó da história. Como o artigo não é
sobre a data do Êxodo não entrarei em maiores detalhes sobre a discussão
envolvendo as duas datas.